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April 18th, 2018

4/18/2018

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A mãe 'tá' aqui.

Depois de uma noite praticamente em claro, cuidando do Antônio junto com meu marido, me sinto inspirada a escrever este texto. Sou movida a escrever por uma única frase. No meio da noite, meu bebê estava inquieto, não encontrava posição confortável na cama. Eu sabia que não era uma noite normal. Algum desconforto, enjôo, gases, alguma dor. Não tinha febre. Marcus pegou ele no colo na tentativa de fazer dormir: quem sabe o embalo do colo do pai traria algum conforto? Nada. Fomos surpreendidos por muito vômito. Nada de nojento nisso, mãe não tem nojo de nada. Segurei o Antônio no colo - Calma filho, a mãe 'tá' aqui -  falei instintivamente, tentando dar alento no meio de um susto na madrugada. A noite ainda seguiu com mais episódios de vômito, seguidos de banho e troca de pijamas. Ao amanhecer, conseguimos dormir por duas horas seguidas, e às 8h pulamos da cama para um novo dia.

Quando isso acontece, parece que não temos de onde tirar forças para continuar o dia. Acordo com a cabeça cansada, mas lembro que tive noites bem piores, e depois de um café, fico 70% bem. (Qual mãe nunca pensou dessa forma? Vamos lá, tu já esteve mais cansada que hoje! :) ) Preciso ter disposição para preparar aulas, enviar n emails, organizar atividades do laboratório, conversar com alunos, ler artigos, escrever uma proposta de pesquisa. Preciso estar lá pelos meus alunos também. É meu trabalho, e eu amo o que faço. Não perco o sono só pelo Antônio. Às vezes acordo antes dele acordar, no meio da madrugada, lembrando das atividades que preciso completar no dia seguinte. Mas e aí? Como eu lido com isso? Eu penso um pouco, perco o sono mesmo, e lembro que já tem um dia novo chegando logo ali, daqui a algumas horas. Um dia cheio de oportunidades para eu fazer o que gosto, e produzir. Eu me acalmo e me dou uma chance. Não sou duas. Posso fazer muitas coisas, no meu tempo, e tem coisas que ainda podem esperar um tempinho a mais. Queria muito retomar a escrita de um artigo, e a análise de dados de um projeto temporariamente engavetado. Mas preciso de mais tempo. Apesar de a cabeça estar fervilhando com ideias, motivada a prosseguir com uma série de projetos, pode ser que tu não encontre todo o tempo pra isso. É perfeitamente normal. Ei, mamãe, se dê essa chance também. Nos primeiros anos de maternidade teremos menos tempo para o trabalho e para nós mesmas, e o uso de nosso tempo será sim, em maior parte, para os nossos filhos. É o tempo de ajudar a moldar o caráter e auxiliar na percepção de mundo de um novo ser. É tempo de inventar brincadeiras, cuidar dos papás e mamás, de tirar fotografias de todas as caretas e de cada dente novo. É tempo de ensinar palavras, de encher de abraços e beijos, de ensinar a segurar o garfo, de mostrar a chuva caindo do céu e o "au-au". É tempo de ler um livro, e de nanar nos teus braços, mesmo que o dia tenha sido super cansativo. É o teu tempo, mas também, é o tempo de ser vocês dois. 

Teremos que vencer o cansaço ainda tantos outros dias que virão. Para encontrar disposição para o trabalho, depois de uma noite longa, ou para ter disposição no final do dia, para as brincadeiras na sala de casa. Muitas de nós, mães, não temos esta percepção real da maternidade e sua relação com o tempo antes dela ser vivenciada. Não temos na consciência a importância do tempo para o todo maternidade-trabalho. Só percebi isso sendo mãe. E além de nós mesmas, é preciso que a sociedade - e nossos pares, no trabalho - compreendam que cuidar e criar um filho  demanda tempo (mais sobre produtividade e maternidade em outro post!). Por isso eu escrevo sobre ser mãe, porque o que nos parece óbvio não é tão óbvio assim.
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​Tantas vezes já repeti esta frase, quase como um mantra. - Calma filho, a mãe 'tá' aqui. Suspirei no seu ouvido enquanto o embalava no escuro e tentava acalmar seu choro, depois de um dia longo de trabalho. - Calma filho, a mãe 'tá' aqui. Avisei ao entrar no seu quarto para acudir um chorinho da madrugada. - A mãe 'tá' aqui. Falei quando não tive coragem de sair tão cedo algumas manhãs e fiquei mais alguns minutos sendo contaminada pela alegria do seu sorriso. - A mãe 'tá' aqui. Suspirei enquanto tentava acomodar meu bebê da melhor forma no meu colo, esperando atendimento médico numa noite febril. Esse mantra soa com um certo conforto, e parece que traz o alívio de uma confissão. Naquele momento, buscamos redenção nos braços dos nossos filhos, um pedido de desculpas por ter estado longe. É tão, mas tão reconfortante aquele abraço pequeno, que ele soa assim: "Calma mãe, eu estou aqui". 

Até a próxima.
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    Sobre a autora.

    Meu nome é Mariana. Sou mãe, bióloga, professora, pesquisadora, dona-de-casa, esposa, de tudo um pouco, não necessariamente nesta ordem. Neste blog, pretendo compartilhar minhas experiências em conciliar a vida de mãe e a vida acadêmica.

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